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Folha branca
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Foto do escritorRafaela Manzo

Fazer pausas e, para além delas...

Quem me conhece bem está cansado de me ver falar quanto a minha filha se tornou a minha mais rica e importante fonte de aprendizado. Toda semana, todo dia e a cada minuto eu aprendo algo novo com a Lis. A mais recente habilidade destravada é a de fazer pausas para brincar. Deixar tudo de lado (inclusive telas, celular ou TV) e estar ali, vivendo o faz de conta que quase sempre é ela quem lidera, no momento presente. Realmente presente. Algo que eu não me permito (ok, permitia, porque estou conseguindo), mas já entendi ser tão ou mais importante do que a produção em série e o trabalho.


Fazer pausas e, para além delas, se permitir brincar, tem sido algo muito falado no mundo atual, mas que eu confesso não ter tido muita abertura (ou estabelecido tempo) para fazer até então. Porque os boletos e as contas chegam, porque eu não quero passar de novo o que passei em 2021, porque isso não me parecia algo tão importante. Mas é. É sim muito importante. Para mim, para ela, para a conexão que estamos construindo, para o desenvolvimento das habilidades que ela precisa ter em um mundo completamente relacional. É na brincadeira e no faz de conta que eu sinto que ela aprende as mais valiosas lições. Quando trocamos de papel, por exemplo, e ela se coloca no papel da mãe que “vai trabalhar” enquanto eu fico no lugar dela e “vou para a escolinha”, sinto quais são os pontos que preciso observar e quais os cuidados que preciso ter.


As emoções de uma criança ensinam muito sobre elas e ainda mais sobre nós mesmos. O modo como elas nos tocam, sobretudo. O sentir sem filtros ou freios pode nos despertar feridas profundas da infância que acreditávamos ter curado. Observá-las e abraçá-las nos permite uma reciclagem e a possibilidade efetiva de cura, finalmente.

Quando brinco com a Lis eu abraço a criança que ela pode ser, ao tempo em que abraço a criança que eu ainda guardo em mim, a que todos guardamos, aquela que fomos. Deixo-a sonhar, criar, sentir, se expressar, viver, aprender. E é uma das coisas mais bonitas que tenho experimentado fazer ultimamente. Justamente porque fui uma criança que precisou crescer rapidamente, sem aproveitar devidamente as brincadeiras que tanto ensinam. Brincar com ela, por isso, me regula e ajusta para ser uma mãe melhor para e com ela.


O Dia das Crianças por aqui foi de muita brincadeira e novidades. Ela gosta mais das caixas dos brinquedos do que dos brinquedos em si (sim, presença é melhor que presente!). E juntas conseguimos nos divertir um bocado.


E por aí, como estão as suas crianças (a que mora em você e as da sua vida/ casa)? Elas se permitem brincar?


Como estão as suas crianças?

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